domingo, 1 de novembro de 2009

À Conversa com… SECO

Entrevista com…SECO


Na continuação das entrevistas que temos vindo a efectuar com aderentes do CAB deixamos os nossos leitores com o pensamento do autor do Blogue “MOBILE”.

Os vossos comentários são bem-vindos.


MOBILE

http://seco-mobile.blogspot.com/

Seco

CABQuando começou para si o autocaravanismo? Por influência de que aspecto? Com que viatura? Se tivesse que convencer alguém amigo a adoptar o autocaravanismo, que argumentos utilizariam?

Seco – O Autocaravanismo ou a vontade de o praticar começou há 10 anos quando comecei a imaginar que seria uma excelente forma de viajar quando viessem os tempos de reforma!

Comecei então a comprar todos as revistas de AC que encontrava e lia de fio a pavio, o que me permitia conhecer o equipamento, com segurança, com todos os prós e contras.

Passei igualmente a participar em fóruns na internet, nacionais e franceses, o que permitia conhecer os problemas técnicos e práticos mas igualmente os problemas que se colocavam de uma forma global aos autocaravanistas.

Mas o bichinho não resistia e a vontade de ensaiar era grande…

Assim, decidimos um aluguer. Experiencia óptima com uma (agora) pequena Knaus 500 D. Experiencia inolvidável e que confirmou tudo o que tínhamos lido!

Bom depois foram mais alugueres em diferentes tipos de configuração, mas sempre Hymer pois tinha sido a marca eleita.

O “caderno de encargos” que tinha feito inicialmente foi-se alterando, adicionando pormenores e retirando ideias que não tinham interesse prático.

Bem, mas tudo estava tranquilo pois os custos da escolha eram demasiado levados até que na Nauticampo do ano passado houve uma paixão súbita por uma AC conhecida mas não vista em Portugal – a Rápido.

Realmente estava de acordo com o caderno de encargos, bons acabamentos, e muito mais barata que a Hymer sonhada.

Feitas as contas pela contabilista e Directora Financeira lá de casa chegou-se à conclusão de que era possível usufruir da AC antes dos 65 anos!

E fez-se o negócio e a “menina” chegou em finais de Julho tendo depois que esperara pela montagem dos acessórios previstos no caderno de encargos e a matrícula chegou a tempo de gozar o feriado do 15 de Agosto.

Trazê-la para a porta de casa foi uma experiência inesquecível: Não era alugada! Era nossa!


CABQue países já visitou? Que locais aconselha? E eventos? Monumentos? Cidades? E porquê? E onde pernoita normalmente? Como escolhe os locais?

Seco – Temos saído praticamente todos os fins de semanas. Férias apenas as de Outubro do ano passado e o fds de Junho pois este ano não houve férias….

A sensação de liberdade. a possibilidade de circular calmamente e de usufruir por mais tempo uma paisagem ou uma cidade, o circular por vias secundárias e virar para sítios inimagináveis, são valores que só a AC nos faculta! Esta tem sido a explicação que tenho encontrado para dar aos meus amigos espantados com esta minha actividade face ao meu tradicional comodismo de ir e ficar num hotel ou em casa na praia!!! No fundo tenho um hotel de 5 estrelas. Alem de que, apenas assim podemos conhecer os povos e os seus hábitos.

Não temos saído muito para o estrangeiro pois não podendo ter mais de 2 semanas seguidas limita-nos e tolhe-nos os movimentos.

Mas a Galiza, as Astúrias e Cantábria, Pirenéus franceses, Andorra e Catalunha foram alguns dos destinos visitados. Aconselho (quando já não há miúdos a condicionarem-nos) a escolha de um local calmo e portanto chegar cedo para ter opções de escolha.

Quando tal não é possível a sorte que dite as suas regras…

Apenas em grandes cidades em que teoricamente os riscos são maiores, optamos por parque de campismo. De resto, sozinhos, isolados ou numa povoação a AC estaciona

Normalmente estabeleço um itinerário de base que tem duas ou três referências a não perder! São apenas linhas gerais evitando datas fixas de modo a permitir a liberdade total.

É sempre difícil de aconselhar este ou aquele destino pois depende muito do gosto de cada um.

Nós preferimos locais mais calmos, por vezes isolados de modo a podermos “recarregar as baterias”

CABQue país prefere visitar de autocaravana? E porquê? Que facilidades mais o motivam? E em Portugal que regiões prefere? E em que época do ano? Qual o orçamento diário (2 pessoas) que recomenda a quem se abalance a ir ate ao estrangeiro?

Seco – Sem dúvida que a França é o país que mais infra-estruturas tem para as AC e portanto é mais fácil encontrar um local de pernoita e área de serviço.

Mas o Cabo Norte é uma referência mítica que eu gostaria de alcançar.

Para nós todas as épocas do ano são boas para viajar mas a Primavera e o Outono são as estações mais apetecíveis pois é nesta ocasiões que o Alentejo e o Douro mais bonitos estão.

CABComo participa a família deste seu gosto? Colaboram? Escolhem destinos? Estão sempre prontos a partir ou resistem às viagens? ‘ E depois fazem resumos ou relatos do que observaram? Coleccionam fotografias?

Seco – A família (agora somos só dois em casa), ao princípio tinha os receios habituais de dormir “sabe-se lá onde”. Agora além de estar sempre pronta dá uma ajuda imensa nas “enrascadas” em que sou perito em arranjar quando me meto por estradas estreita ou ruas igualmente “largas”.

Eu mantenho (com atraso) um road bok mas as notas tiradas pelo caminho, é ela que as aponta.
Fotografias, hoje são principalmente digitais pelo que estão guardadas em 3 computadores mais um disco rígido exterior, não vá o diabo tecê-las…

Como disse, a minha mulher está sempre pronta a partir e também participa na escolha do destino (não quero praia, quero o campo!).

CABQue motivos de satisfação ou insatisfação a família encontra nas viagens de AC? Quais as queixas mais frequentes? Emprestaria ou alugaria a sua autocaravana a alguém? Em que condições?

Seco – O que sinto mais falta é a de áreas de serviço embora num fim-de-semana não haja problema pois temos autonomia de água para 3 dias, contudo em viagens mais longas temos que ter mais atenção.

A minha casa com rodas jamais poderá ser alugada ou emprestada (mesmo aos filhos).



CABA sua viatura quanto consome? Que velocidades atinge? Que autonomia tem? Que avarias já teve? Como as resolveu? O que lhe dá mais satisfação na viatura e bloco de alojamento? O que mudaria se pudesse?

Seco – O meu Fiat 2.3 não é muito glutão! Em estradas secundárias contenta-se com 8.5/9 l/100 km mas na Auto-estrada já vai para os 10.5./11 l /100 km. Tem uma autonomia de 600 a 700 km e como já referi a água dá para 3 dias. Quanto a energia não há problema pois as duas baterias de 90 Ah e o painel solar garantem o descanso acrescentado de um gerador Yamaha EFS2400is para o ar condicionado e para recarregar baterias se necessário.

Até agora nada de avarias. Apenas o bloqueio do sistema de alimentação por a circulação em piso irregular ter sido interpretada pela centralina como acidente!

O pior foram as 4 horas para descobrir o botão de rearme….

Apenas mudava a caixa para uma automática. Fica para a próxima.

CABUsa a Net na AC? Para trabalho ou só para lazer? E usa GPS? Que modelo? Que recomenda? Televisão? Usa parabólica? Normalmente a que horas acaba a sua jornada? E quantos dias (horas) fica num mesmo local? Quantos km em media percorre por dia? Viaja com animais?

Seco – Trazemos na AC os computadores portáteis com as respectivas “pen “ para internet móvel.

Alem do correio permite tirar dúvidas sobre trajectos a usar ou monumentos a visitar.

Normalmente e em fds a net é só para lazer nas em férias é inevitável a consulta do mail profissional.

Tenho um GPS “velhinho” Garmin Street Pilot 2620 mas que tem toda a Europa bastante actual. Em Portugal há umas estraditas para assinalar mas tudo bem.

NA AC como de resto e casa vemos muito pouca Tv. Mas o ecrã plano também dá para ver as notícias e os DVDs do momento.

A parabólica considero (no meu caso) um investimento não rentável pois já não tenho criancinhas e entendo as línguas dos países visitados ou em perspectiva de o serem.

Tento acabar a jornada ainda de dia para não ter dúvidas de onde vou ficar, O tempo de permanência num local depende. Por vezes é todo o fds outras é apenas uma noite ou duas se o local valer a pena pela paisagem ou pelos monumentos.

Tento, em férias, fazer entre 80 e 200 km por dia.

Não temos animais na AC pois o gato fica em casa!
CABSabemos que foi fundador e é Coordenador da Comissão Instaladora do MIDAP. Porque se justificou a criação deste Movimento? Que diferencia o MIDAP? Que o motivou a aceitar a Coordenação da Comissão Instaladora do MIDAP?

Seco – O MIDAP nasceu em circunstâncias ligadas à contestação do DL que pretendia que ficássemos apenas em Parques de Campismo.

Constitui-se como plataforma em que todas as entidades ligadas ao autocaravanismo e ao turismo podem ter acento e lutar por melhores condições para o autocaravanismo.

Muito se conseguiu, muitas vezes sem resultados imediatos mas lançando a semente que vai germinando e permitirá que as Câmaras tenham um interesse crescente pelo fenómeno

A fileira vai engrossando e os clubes e a Federação começarão também a sair da letargia actual e, com o esforço de todos, conseguiremos melhores condições para o autocaravanismo.

Os esforços do MIDAP que levaram à recepção pela subcomissão de turismo da comissão de economia da AR e o consequente desenvolvimento do projecto de lei, da sua admissão à discussão e finalmente reprovação política são o exemplo de como o s esforços concertados conduzem a resultados positivos.

Aceitei participar activamente neste Movimento porque acredito na coerência.
Não nos podemos remeter à retórica de sofá mas temos que fazer das palavras acções e assumir em plenitude de cidadania as nossas convicções muito embora se saiba que não faltarão críticos com quem podemos sempre aprender para o bem e para o mal.



CABQue acha da estruturação do movimento autocaravanista? É sócio de algum clube?

Seco – Não sou sócio de nenhum clube, muito embora pense que espaço para muitos clubes e então possa vir a pertencer a algum.


CABComo define o autocaravanismo?

Seco – Julgo que é tempo de haver uma definição clara entre o que é campismo com autocaravana e touring em autocaravana.
Os conceitos são diferentes mas um mesmo elemento pode ora praticar uma modalidade. Ora outra. Esta aparente contradição poderá ser o cerne da questão e a real distinção da situação actual.


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